sexta-feira, 16 de maio de 2014

Manha com os dias contatos!

"Não importa se aquela criancinha fofa é filha de uma mamma italiana, de um lorde inglês ou de um monge tibetano: se ela tem entre 1 e 4 anos, é natural que chore, esperneie e atire o que estiver ao seu alcance quando o pai se recusa a comprar - lhe um brinquedo ou a mãe insiste para que ponha um calçado."

“O cérebro das crianças pequenas é primitivo e muito mais desenvolvido no campo das emoções do que no da racionalidade. Só a parti dos 4 anos é que elas conseguem inibir e controlar melhor os impulsos, ” explica o neuropediatra  Mauro Muszkat, da Universidade de Federal de São Paulo. Para o alento dos pais, até lá há, sim o que fazer. A personalidade da criança conta bastante, mas as estratégias usadas para conter a ira dos pequenos explicam, em parte porque alguns são mais comportados --- e outros bem menos. A seguir, especialistas consultados por VEJA, entre eles um pediatra, uma psicóloga e uma educadora, ensinam como os pais devem agir nas situações que comumente desencadeiam a manha.


BIRRA TEM HORA.

Os temidos chiliques começam a aparecer por volta dos 2 anos, como forma de testar os limites dos pais. “Crianças do mundo inteiro fazem birra; ela faz parte do desenvolvimento”. “O errado é endossar esse tipo de comportamento”, diz a psicóloga Ceres de Araújo, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. A manha tem seu auge aos 3 anos e tende a cessar aso 4, quando a criança já controla melhor os impulsos. Mas atenção: a parti dos 7 anos essas crises  passam a ser encaradas como um transtorno de conduta.

AS REFEIÇÕES SÃO UMA BATALHA.


Como agir: É como que, em determinados dias, a criança pequena chore, empurre o prato e se negue a comer. Para evitar que isso se torne um hábito, porém, a primeira recomendação dos médicos é que se estipule um horário para as refeições --- nada contribui tanto para serenidade e o conforto das crianças quanto à rotina. A segunda dica é que se espere meia hora, e não mais do que meia hora para que ela mude de ideia. Se a criança não ceder, pule a refeição sem dó: nada de oferecer alimento que apeteça mais ao pequeno, ou ele vai concluir (acertadamente) que fincar os calcanhares é a melhor tática para vencer a queda de braço com os pais. Essa regra vale tanto para criança com menos de 1 ano como para as maiores, que já se alimentam sozinhas. Outra regra de ouro é fazer com que os pequenos segam o cardápio da família. “Se os pais derem muitas escolhas, a criança passará a semana comendo macarrão e nuggets”, diz o médico Fabio Ancona, da Sociedade  Brasileira de Pediatria. Envolver os filhos na compra e no preparo dos alimentos pode estimulá-los a ter uma alimentação saudável. “Antes de dizerem que a criança não gosta de determinados prato, os pais devem oferecê-lo pelo menos vinte vezes”, diz o pediatra.

OS CASTIGOS NÃO FUNCIONAM


Como agir: Punir o filho que fez de errado ou deixá-lo em um cantinho para que reflita sobre o mau comportamento só funciona quando ele tem pelo menos 3 anos e já possui um vocabulário mais amplo. Antes disse, é mais eficaz dar limites. “Se a criança começa a jogar areia nos coleguinhas enquanto brinca no parquinho, o pai pode repreendê-lo uma ou duas vezes, no máximo. Na terceira vez, agir e tirá-la dali, por exemplo. Caso contrário, perderá a autoridade”, diz a educadora Tania Zagury autora do livro Filhos: Manual de erro frequente é não repreender a criança na hora e passar o castigo para o final de semana. “Minutos depois, ela não vai mais se lembrar do que aconteceu, e portanto não vai associar o castigo ao mau comportamento”, explica Ancona. Segundo o médico, um olhar de reprovação ou a mudança no tom da voz podem funcionar melhor do que o castigo em si para que a criança entenda que o que fez desagradou. 

CRIANÇA CHORA, GRITA E SE JOGA NO CHÃO QUANDO CONTRARIADA.


Como agir: A regra é simples: ignore-a, mesmo. E totalmente.“ Não existe birra sem plateia”, diz Ceres. Os pais devem ainda manter o autocontrole (se também eles gritarem, os sinais ficarão confusos), levar a criança para um ambiente seguro, onde ela não possa se machucar e sair de perto. “Se isso não for possível, finja que está lendo um livro e deixe-a chorar até cansar. Ela vai entender que esse comportamento não lhe trará nenhuma recompensa”, explica Tania. É comum também que, ao se acalmar, a criança se aproxime dos pais pedindo colo e atenção. “Mantenha o ‘gelo’ por no mínimo duas horas, se todos da casa agirem dessa forma, as birras sumirão em um ou dois meses”, garante a educadora. Para os faniquitos em espaço público, a dica é olhar nos olhos da criança e dizer uma única vez, com firmeza: “Não adianta espernear”. Depois que o show acabar os pais deve manter a postura caso tenham proibido ou negado alguma coisa á criança. “o mau comportamento começa com chilique, mas, na vida adulta, pode acabar na delegacia”, alerta a especialista.

AS MANHAS SÃO, LITERALMENTE, DE TIRAR O FÔLEGO.

Como agir: A cena pode ser assustadora. Em meio à choradeira, a criança para fica inerte, quase desmaiada. É a chamada crise da perda de fôlego. “ela não dura mais do que vinte ou trinta segundos, mas costuma apavorar os pais”, diz o neuropediatra Mauro Muszkat. Outras vezes, no meio da crise, a criança provoca o vômito, a recomendação dos médicos para situações assim é não superestimar o problema, já que a crise não representa riscos à saúde. “Se a família der muita atenção, a tendência é que essas cenas se repitam ou, pior, que os pais deixem de contrariar a criança com medo da reação dela”, explica Ancona.


Fonte: RevistaCrescer