Hoje, mais do que ser um local apenas de cuidado das crianças, as boas escolas de educação infantil seguem à risca o compromisso com os aspectos educacionais. Pesquisas do mundo todo mostram que a frequência desde cedo à creche e à pré-escola causa efeitos positivos na vida da garotada.
1. Qual deve ser o projeto educacional?
A melhor opção é aquela que está de acordo com as expectativas dos pais
em relação à formação do filho. De forma geral, as propostas podem ser
divididas em três tipos: a tradicional, a lúdica e a
socioconstrutivista. A primeira prioriza a disciplina e o cumprimento de
regras. O foco do segundo tipo são as brincadeiras, mas com pouca
preocupação pedagógica. O terceiro é defendido por referenciais
nacionais e é forte em planejamento de situações de aprendizagem, em que
há a intenção clara e conteúdos para cada faixa etária. Um exemplo são
atividades divertidas com bacias cheias de água e objetos de diferentes
pesos para trabalhar o tema da flutuação com crianças de 4 a 5 anos. Em
todos os projetos, observe se há trabalhos com valores, como a
cooperação e o respeito às diferenças. Quanto mais próximos aos da sua
família, melhor.
2. Como devem ser os espaços da escola?
Segurança é um item importante. Preste atenção se a escola tem escadas, se estas estão
com grade de proteção e corrimão ou, melhor ainda, se opta por rampas ou até nem as tem, se as janelas de andares superiores têm telas, se as tomadas são
cobertas e os produtos de limpeza mantidos fora de alcance dos pequenos.
As cores dos espaços devem formar uma coerência visual: portas de uma
cor, paredes de outra. As salas precisam ser arejadas e contar com
passagens para um solário ou jardim, além de banheiros e trocadores por
perto. Por fim, o ideal é que os ambientes disponibilizem materiais,
como fantasias, brinquedos e livros, ao alcance das crianças para que
elas possam fazer escolhas.
3. Qual é o número ideal de professores por bebê ou criança?
Municípios e estados têm uma resolução diferente para a quantidade
ideal de crianças por professor. Segundo o Conselho Nacional de
Educação, cada um deve cuidar, no máximo, de seis a oito crianças de até
2 anos, de 15 crianças até 3 anos e de 20 crianças de 4 até 6 anos.
Muitos pais podem temer algum descuido com o filho. No entanto, é
preciso compreender que uma escola é bem diferente do zelo típico do
ambiente familiar: lá as crianças vão ter de dividir a atenção e esperar
em alguns momentos, mas há a vantagem de receber cuidados profissionais
e conviver, desde cedo, com outros meninos e meninas da mesma idade.
4. O que preciso é preciso olhar em termos de limpeza?
Todos os funcionários devem ter uniformes limpos e lavar as mãos com
frequência. Os brinquedos e as fantasias precisam ser higienizados
semanalmente ou sempre que houver necessidade – já os berços e os
colchões, diariamente. Na hora da soneca, os colchões precisam ser
colocados a certa distância uns dos outros. Mas não fique tão obcecada
com a limpeza. Seus filhos precisam brincar no chão e se sujar. Faz
parte do processo de crescimento. Além disso, no berçário, se uma
criança está resfriada, é provável que as outras também fiquem – e isso é
até bom para desenvolver anticorpos logo cedo.
5. É melhor uma escola que ofereça alimentação?
A escola que oferece lanche ou almoço, em geral, conta com a vantagem
de ter a orientação de um nutricionista ou uma equipe de nutrição.
Assim, é oferecida uma alimentação balanceada e até divertida, como
cenouras e outros legumes em formato de bichos. É uma preocupação a
menos para você. Além disso, o momento das refeições com os colegas é um
aprendizado sobre o ritual de comer em público. Algumas escolas até
trabalham com sistema de self-service, que permite que as crianças
aprendam a servir a quantidade que vão comer. Mais um ponto para o
desenvolvimento da autonomia.
6. A localização da escola importa?
Os especialistas se dividem nessa questão: alguns avaliam que, quanto
mais perto de casa ou do trabalho, melhor. Isso facilita a ida ao local
em caso de emergência, além de evitar que seu filho faça longas viagens
pela cidade e tenha de enfrentar o trânsito ainda pequeno. Outros acham
que vale a pena colocar a criança em uma escola um pouco mais distante
se ela oferecer um ensino de melhor qualidade. De qualquer forma, fazer
crianças muito pequenas viajarem mais de uma hora todos os dias, ou
acordar de madrugada, não é a melhor saída. Elas ficam cansadas e até
estressadas.
7. O preço é sinônimo de qualidade?
Nem sempre a escola mais cara traz vantagens significativas. Às vezes, a
que cobra mensalidades mais em conta e segue uma proposta pedagógica
interessante é melhor do que a cara e com prédio sofisticado. Vale
observar se o preço pago corresponde, por exemplo, a espaços bem
equipados (não necessariamente com luxo) e professores bem formados. A
equipe precisa fazer cursos continuamente e, de preferência, financiados
pela própria instituição. Essa é uma das principais diferenças de uma
escola de qualidade.
8. As escolas bilíngues valem a pena?
Depende do método de ensino oferecido e da familiaridade dos pais com a
segunda língua aprendida pelo filho. A criança pode ficar confusa caso
fale inglês o tempo todo na escola e, ao chegar em casa, só fale
português. Sim, é mais fácil aprender outro idioma desde cedo, mas nem
sempre o método usado por algumas instituições é o mais eficiente. A que
se diz bilíngue e oferece três aulas de inglês por semana nos moldes
tradicionais, com tradução de palavras do português, surte poucos
efeitos. Ver um desenho animado numa língua estrangeira, por exemplo,
pode trazer mais resultado. Bilíngue deve ser sinônimo de imersão em dois idiomas.
Fazer balé, natação e até aulas de arte pode ajudar as crianças a
desenvolver, desde cedo, uma série de habilidades interessantes. Mas na
primeira infância ninguém deve ser sobrecarregado. Os pequenos precisam
brincar, dormir e passar bastante tempo com os pais. As aulas são
compromissos sérios e exigem o cumprimento de horários. Até os 2 anos,
não é recomendado que as crianças façam esse tipo de atividade, que
geralmente é mais bem aproveitada por garotos e garotas mais crescidos.
Por fim, vale observar se um simples passeio na pracinha não deixaria
seu filho mais feliz.
10. Depois de um tempo, é ruim mudar as crianças pequenas de escola?
Até os 5 anos, elas criam vínculos fortes com as pessoas próximas
porque ainda são muito dependentes. Mudar de escola não é uma missão
impossível. Isso deve ser feito caso a criança não goste do lugar ou os
pais se sintam mal atendidos. Mas a transição é trabalhosa. O seu filho
terá de se adaptar novamente a um novo ambiente. As primeiras semanas
costumam ser mais delicadas e a presença de um dos pais ou um adulto de
referência ajuda a superar o estranhamento. Caso os pais estejam satisfeitos com a instituição, o ideal é que a criança permaneça até o termino do ciclo pedagógico (educação infantil, ou ensino fundamental I...) evitando assim que a criança se recinta com a mudança da abordagem pedagogica, que pode causar uma regressão inicial no aprendizado.
Fontes: Amanda Polato: http://bebe.abril.com.br/materia/como-escolher-a-escola-do-seu-filho.
Gisela Wajskop, pedagoga e diretora do Instituto Singularidades, Íris
Franco, da Clínica Infans, Marina Alexandra Garcez Loureiro Barreto,
presidente da Associação Brasileira de Educação Infantil, e documento
Indicadores da Qualidade da Educação Infantil, do Ministério da
Educação.
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