quarta-feira, 11 de junho de 2014

Equilíbrio Emocional se Constrói!

Não dá para blindar os filhos das frustrações e dissabores impostos pela vida. Mas é possível prepará-los para lidar com as dificuldades de uma maneira ponderada, sem tanto sofrimento, além de prevenir transtornos como a depressão e ansiedade. Conheça as descobertas da ciência que ajuda os pais nessa missão.


Beatriz tem só 3 anos, mas já conhece o valor da cordialidade. quando cruza com um vizinho no prédio onde mora, faz questão de dizer um "bom dia" bem pronunciado, acompanhado de um sorriso sincero e um aceno efusivo. A palavra "obrigada" também é corrente em seu vocabulário ainda limitado, o que desperta encanto em amigos e professores. Podem parecer detalhes simples de uma boa educação. Mas representa muito mais. Eles denotam uma habilidade de interação social que fará enorme diferencia no processo de construção de uma personalidade mais segura, afetivamente sólida e capaz de estabelecer relações de qualidade.

FASE CERTA DE AGIR!

Por que se preocupar tão cedo com o bem-estar emocional? Porque a infância é a melhor oportunidade de moldar o funcionamento do cérebro. Em termos de tamanho e estrutura, a configuração cerebral não se altera muito, do nascimento á fase adulta. O que faz diferença são as conexões entre os neurônios, as chamadas sinapses, que se estabelecem, principalmente,na fase que vai do útero aos 7 anos. É nelas que acorre a condução de impulsos elétricos de substancia chamadas de neurotransmissores. Quanto mais eficiente é esse sistema de transmissão de informações, mais harmonicamente a cabeça trabalha. E o que garante uma rede bem constituída? Os estímulos certos. Assim como jogos de raciocínio exercitam a função cognitiva, interações socioafetivas de qualidade programam a mente de]a criança para ser mais coerente no ponto de vista emocional. A verdade é que Beatriz é uma garota de sorte.
Nesse caminho para formar e consolidar suas bases emocionais, ela conta com a ajuda do pai, o psicobiólogo Ricardo Monezi, da Unifesp, um dos maiores especialistas em medicina comportamental do pais. "Quando nós encontramos, ao final do dia, ela sai correndo em minha direção e diz que está morrendo de saudade. Eu me abaixo,olho em seus olhos, seguro suas mãos, coloco-as em meu coração e digo: 'O papai também te ama muito'. Recorro a gestos como esse para encorajá-la a demostrar seus sentimentos, além de proporcionar estímulos auditivos,visuais e táteis para as áreas do cérebro onde são processadas as emoções", esclarece o especialista.
Mas você não precisa ser um expert no assunto, como Monezi, para que seu filho desfrute dos mesmo benefícios. A ciência já dispõe de informações claras sobre como a dinâmica do dia a dia impacta no estado emocional da criança, desde o útero, e dá pista de como é possível aprimorá-la. desde 1990 com o advento dos exames de imagem, como a ressonância magnética e a tomografia, vem sendo possível ter um conhecimento mais apurado sobre a estrutura do cérebro, bem como da forma como ele reage m função das experiências,como lembra Anna Chinesa, consultora técnica do Programa Primeira Infância, da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal(SP).
Tamanho é o potencial dos sentimentos de afetar nossa saúde e bem-estar que, durante anos essa influência foi foco de pesquisa do renomado cardiologista Herbert Benson, levando-o a fundar o Instituto Body-Mind, da Escola de Medicina de Harvard (EUA). Eis que, no livro Medicina Espiritual(Editor Campus, 1998), ele resume: " As emoções são os resultados natural e a representação do nosso cérebro de como leva em conta tudo o que ocorre em nossa vida, dentro para fora de nós. Elas são muito mais importantes para determinar a nossa saúde do que nossa sociedade jamais teria imaginado".
Portanto, estar ciente d que não dá para desvincular uma mente emocionalmente equilibrada do bem-estar-inclusive físico-é o pontapé inicial para trilhar, como seu filho, um caminho que o conduza à felicidade. Resta confiar na sua intuição, ficar por dentro das descobertas a seguir e encontrar seu jeito próprio de aplicá-las no cotidiano com as crianças, inspirando-se em outros pois. Não é tão difícil quanto parece, pode acreditar!

PILARES DE UMA MENTE SÃ!

Antes de mais nada, é preciso ter em mente que uma criança emocionalmente saudável não é aquela que não chora, tampouco se frusta ou se irrita, mas aquela que aprimora, constantemente, a compreensão sobre as próprias emoções, como explica o psicólogo Marcelo Mendes, da PUC-Campina(SP).

Os especialistas indicam cinco pontos-chave que ajudam a desenvolver o QE da criança:

1. Vínculos afetivos e efetivos –  Criar momentos de muita qualidade nas relações, de escuta e conversa, de estabelecer limites e, também, reconhecer feitos e conquistas. 

2. Autoestima –  Não adianta “bajular” a criança o tempo todo, como dizer que ela é a mais linda ou mais inteligente do mundo. Fortalecer sua autoestima significa criar um ambiente para que ela se sinta segura, arrisque-se mais e confie no próprio potencial, sem depender das opiniões de terceiros. No lugar de só elogiar a capacidade, vale mesmo é parabenizar o esforço.

3. Resiliência – É a capacidade de lidar com problemas e superar dificuldades. Para exercitar essa habilidade, a criança precisa interagir com o outro e entender que nem sempre tudo sairá como o planejado. Muitas vezes é preciso esperar, em outras, ceder ou recuar.

4. Frustrações – É importante que a criança vivencie choques de realidade. Perder o lanche porque se atrasou na atividade, não brincar na quadra porque não cumpriu tarefas, não realizar o passeio no parque porque choveu… Frustrações necessárias para aprender a lidar com o “não” das tantas situações futuras com as quais irá se deparar. Mas, não basta dizer “não” à criança. Ela precisa entender o porquê para adquirir a consciência crítica, transformando a proibição em aprendizado. Vão ter birra e choro, provavelmente, que devem ser acolhidos com afeto, mas também nominados no momento em que acontecem: “sei que você está com raiva ou decepcionado, mas você tem de lidar com isso”.

5. Brincadeira – Angústias e medos que incomodam a criança podem ser expressados nas brincadeiras. Por isso a importância do brincar na Primeira Infância. Os jogos coletivos são ótimas estratégias para isso, porque desenvolvem o senso do pertencimento, o controle da agressividade e o bem-estar, além do aprendizado de respeitar a opinião do outro, as regras necessárias e que nem sempre tudo será do seu jeito. Se a criança brinca de casinha, ela se coloca no lugar dos pais e consegue refletir melhor sobre as ações de quem ela imita.

Fonte: RevistaCrecer

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